terça-feira, 31 de maio de 2011

O Mito da Caverna - Platão

Imaginemos uma caverna subterrânea onde, desde a infância, geração após geração, seres humanos estão aprisionados. Suas pernas e seus pescoços estão algemados de tal modo que são forçados a permanecer sempre no mesmo lugar e a olhar apenas para a frente, não podendo girar a cabeça nem para trás nem para os lados. A entrada da caverna permite que alguma luz exterior ali penetre, de modo que se possa, na semi-obscuridade, enxergar o que se passa no interior.
A luz que ali entra provém de uma imensa e alta fogueira externa. Entre ela e os prisioneiros - no exterior, portanto - há um caminho ascendente ao longo do qual foi erguida uma mureta, como se fosse a parte fronteira de um palco de marionetes. Ao longo dessa mureta-palco, homens transportam estatuetas de todo tipo, com figuras de seres humanos, animais e todas as coisas.
Por causa da luz da fogueira e da posição ocupada por ela, os prisioneiros enxergam na parede do fundo da caverna as sombras das estatuetas transportadas, mas sem poderem ver as próprias estatuetas, nem os homens que as transportam.
Como jamais viram outra coisa, os prisioneiros imaginam que as sombras vistas são as próprias coisas. Ou seja, não podem saber que são sombras, nem podem saber que são imagens (estatuetas de coisas), nem que há outros seres humanos reais fora da caverna. Também não podem saber que enxergam porque há a fogueira e a luz no exterior e imaginam que toda a luminosidade possível é a que reina na caverna.
Que aconteceria, indaga Platão, se alguém libertasse os prisioneiros? Que faria um prisioneiro libertado? Em primeiro lugar, olharia toda a caverna, veria os outros seres humanos, a mureta, as estatuetas e a fogueira. Embora dolorido pelos anos de imobilidade, começaria a caminhar, dirigindo-se à entrada da caverna e, deparando com o caminho ascendente, nele adentraria.
Num primeiro momento, ficaria completamente cego, pois a fogueira na verdade é a luz do sol, e ele ficaria inteiramente ofuscado por ela. Depois, acostumando-se com a claridade, veria os homens que transportam as estatuetas e, prosseguindo no caminho, enxergaria as próprias coisas, descobrindo que, durante toda sua vida, não vira senão sombras de imagens (as sombras das estatuetas projetadas no fundo da caverna) e que somente agora está contemplando a própria realidade.
Libertado e conhecedor do mundo, o priosioneiro regressaria à caverna, ficaria desnorteado pela escuridão, contaria aos outros que viu e tentaria libertá-los.
Que lhe aconteceria nesse retorno? Os demais prisioneiros zombariam dele, não acreditariam em suas palavras e, se não conseguissem silenciá-lo com suas caçoadas, tentariam fazê-lo espancando-o e, se mesmo assim, ele teimasse em afirmar o que viu e os convidasse a sair da caverna, certamente acabariam por matá-lo.
Extraído do livro "Convite à Filosofia" de Marilena Chaui.

O que é o boxe?


O boxe é um desporto de combate que coloca frente a frente dois lutadores que se enfrentam em busca do título de melhor boxeur. Trata-se de uma arte marcial agressiva mas que, ao contrário de outras modalidades como o Muay Thai ou Savate, utiliza apenas os punhos, quer para defender ou atacar. O termo boxe deriva da expressão inglesa “to box” que significa bater ou bater com os punhos (pugilismo). Este estilo de luta é praticado há milhares de anos e tem milhões de adeptos e praticantes em todo o mundo
A origem do boxe
O boxe como desporto já é conhecido e praticado há várias décadas e a sua origem remonta a Creta em 1500 A.C. Começou por ser praticado na Grécia e em Roma e era um desporto muito violento e desumano, pois os lutadores enfrentavam-se até à morte. Este tipo de luta foi adotado mais tarde pela primeira vez numa Olimpíada em 668 A.C. Tratou-se da 23ª edição dos Jogos Olímpicos da Antiguidade e os boxeurs utilizavam faixas de couro nas mãos para proteger os dedos e lutavam até que um deles caísse inanimado ou admitisse a derrota. Com a queda do Império Romano, perdeu-se um pouco a cultura do boxe, mas tudo leva a crer que ele continuou a ser praticado, visto que a sua prática foi assinalada no fim do século IX, no Sul de Inglaterra.
A afirmação do boxe a partir do século XVII
Depois de um período mais conturbado, em que não se assistiu a qualquer evolução da modalidade, o boxe popularizou-se em Inglaterra, a partir do século XVII. Os boxeurs passaram a combater por dinheiro e isso foi suficiente para surgirem novas técnicas, como a introdução do jogo de pernas e o jogo ofensivo, o que atraiu milhares de novos praticantes. O nobre inglês Marquês de Queensbury sentiu a necessidade de regulamentar este desporto e, como tal, criou determinadas regras para deixar o boxe menos violento, como por exemplo:
             Os combates passariam a ser dentro de um ringue de cordas da forma como hoje é conhecido;
             Os lutadores começaram a ser divididos por pesos e categorias;
             Os boxeurs utilizavam sempre umas luvas de boxe durante um combate. Acabava o boxe a punhos nus;
             Passou-se a utilizar uma proteção nos dentes;
             O público ficou separado dos atletas;
             Cada assalto tinha a duração de três minutos com intervalos de um minuto entre eles para que os atletas conseguissem recuperar as suas forças.
Estas alterações contribuíram para o desenvolvimento do boxe como desporto e favoreceram a tática, a velocidade de execução, o aperfeiçoamento desportivo e a estética. Esta evolução e mudança de mentalidade garantiram uma emoção acrescida à prática da modalidade.
O aparecimento do boxe no Brasil
O boxe chegou ao Brasil com os emigrantes alemães e italianos no final do século XIX e início do século XX. Os primeiros combates foram realizados nas docas de Santos e Rio de Janeiro entre marinheiros europeus. Este estilo de luta começou a ser conhecido e praticado por vários atletas, no entanto a sua difusão foi lenta. A partir dos anos 60, o boxe ganhou um novo fulgor e isso deveu-se aos contributos do lutador Éder Jofre que foi campeão mundial em 1961 e 1973. Anos mais tarde, Adilson Maguila Rodrigues também teve um papel preponderante, pois em 1989 foi campeão sul-americano e foi segundo no ranking do Conselho Mundial de Boxe (CMB). No final dos anos noventa, surgiu uma nova promessa do boxe brasileiro: Acelino de Freitas, mais conhecido como o Popó. Ele foi campeão mundial (1999) pela Organização Mundial de Boxe (OMB) ao vencer o russo Anatoly Alexandrov e isso inspirou milhares de praticantes brasileiros.
Fonte: lutasartesmarciais.com

domingo, 29 de maio de 2011

Sócrates e a nossa relação com o mundo


De fato, com Sócrates há uma mudança significativa no rumo das discussões filosóficas sobre a verdade e o conhecimento. Os primeiros filósofos estavam preocupados em encontrar o fundamento (arké) de todas as coisas. Sócrates, por sua vez, está mais interessado em nossa relação com os outros e com o mundo.
Curiosamente, Sócrates nada escreveu - e tudo o que sabemos dele é graças a seus discípulos, particularmente Platão. Sócrates teria tomado a inscrição da entrada do templo de Delfos como inspiração para construir sua filosofia: Conhece-te a ti mesmo.
Para compreendermos o sentido dessa frase, segundo o filósofo francês Michel Foucault (1926 - 1984), devemos inscrevê-la em uma estratégia mais geral do cuidado de si. Ou seja, o que Sócrates pregava era que nós devemos nos ocupar menos com as coisas (riqueza, fama, poder) e passarmos a nos ocupar com nós mesmos. Poderia objetar-se: com que propósito deveria ocupar-me comigo mesmo? Porque é o caminho que me permite ter acesso à verdade. Mas que tipo de verdade? Obviamente não é uma verdade qualquer, tal como a fórmula química da água, mas a verdade que é capaz de transformá-lo no seu próprio ser de sujeito.
É esse ato de conhecimento, capaz de promover nossa autotranscendência, de que fala Sócrates. Conhecer a mim mesmo para saber como modificar minha relação para comigo, com os outros e com o mundo.
Como ter acesso à verdade?
Tal modificação para ter acesso à verdade, contudo, não é um ato puramente intelectual. Ela exige, por vezes, determinadas renúncias e purificações, das quais Sócrates é um exemplo.
Sócrates dizia ter recebido de Deus a missão de exortar os atenienses, fossem eles velhos ou jovens, a deixarem de cuidar das coisas, passando a cuidar de si mesmos. Tal atitude o fez dedicar-se inteiramente à filosofia e à prática dialógica (uma forma especial de diálogo, denominada maiêutica) por meio da qual ele fazia com que seu interlocutor percebesse as inconsistências de seu discurso e se autocorrigisse.
A atitude de Sócrates questionava os valores da sociedade ateniense, razão pela qual seus inimigos o levaram ao tribunal, onde foi julgado e condenado à morte. Sua morte, porém, não impediu que a questão do cuidado de si se tornasse um tema central na filosofia durante mais de mil anos - e chegasse a influenciar alguns filósofos modernos e contemporâneos.
A questão central do cuidado de si é que jamais se tem acesso à verdade sem uma experiência de purificação, de meditação, de exame de consciência - enfim, através de determinados exercícios espirituais capazes de transfigurar nosso próprio ser.
Dito de outro modo, o estado de iluminação, de descoberta da verdade, não é produto do estudo, mas de uma prática acompanhada de reflexão constante sobre minhas ações, atitudes - e de como posso modificá-las para me tornar uma pessoa melhor. É como se a vida fosse uma obra de arte em que nós vamos nos moldando, nos aperfeiçoando no decorrer da existência.
A difícil busca da verdade
Atualmente, estamos distantes dessa perspectiva socrática do cuidado de si. A ciência moderna está preocupada com a produção e acumulação de conhecimentos.
Mas quando nos perguntamos: para quê acumulamos e produzimos conhecimento? A resposta é simplesmente: para aumentar infinitamente nosso conhecimento. Entramos, assim, numa corrida sem fim, em que nunca nos questionamos se isso realmente está trazendo os benefícios prometidos.
Claro que a tecnologia traz inegáveis benefícios, mas não parece que as pessoas, atualmente, estejam mais felizes. Pode-se alegar, no entanto, que não é papel do conhecimento e da ciência promover a felicidade humana - e que, talvez, conhecimento e ciência tenham a única função de contribuir para a concentração de poder e dinheiro nas mãos de alguns uns poucos.
Sócrates, porém, via a busca da verdade como um caminho de ascese, pois, quando cuidamos de nós mesmos, modificamos nossa relação com os outros e com o mundo.
Mergulhados em preocupações com a aparência e o consumo, pensamos estar cuidando de nós mesmos, quando na verdade estamos nos perdendo em meio às coisas. É preciso conhecer a si mesmo para não perder-se. Claro que você não vai encontrar toda verdade em si mesmo, mas, pelo menos, a única verdade capaz de salvá-lo.

Teste de História - Resolva Caro leitor vestibulando:

Na Segunda Guerra, a batalha de Iwo Jima foi vencida pelos Estados Unidos em território japonês. A ilha vulcânica, de difícil acesso, fez de cavernas e túneis de concreto um cenário de violentas batalhas. Iwo Jima voltou a ser Iwo To.

1-Em que ano da Segunda Guerra foi travada a batalha de Iwo Jima?
      (a)    No primeiro ano, em 1939
      (b)   Em 1941, após o ataque japonês a Pearl Harbour
      (c)    Em 1943, ano em que as tropas norte-americanas entraram na Segunda Guerra
      (d)   No último ano, em 1945
    2- Iwo Jima é a mais importante das ilhas Volcano, no Pacífico. Qual o significado da expressão japonesa 'iwo jima'? 
      (a)    Inferno
      (b)   Ilha de enxofre
      (c)    Vulcão
      (d)   Ilha grande
3- Como morreu o general Tadamishi Kuribayashi, o comandante do Japão na batalha de Iwo Jima?
      (a)    Ele se rendeu e foi condenado à morte em Tóquio, por traição ao imperador
      (b)   Morreu em combate, à frente das tropas
      (c)    Morreu de fome e sede, como muitos combatentes
      (d)   Ele cometeu suicídio
4- Quem dirigiu 'Cartas de Iwo Jima', filme que ressalta o ponto de vista japonês da batalha no Pacífico?
      (a)    Clint Eastwood
      (b)   Ang Lee
      (c)    Akira Kurosawa
      (d)   Takeshi Kitano
5- Por que houve dois hasteamentos da bandeira dos EUA no Monte Suribashi, em Iwo Jima? A conquista da montanha foi estratética para a vitória.
      (a)    Porque o primeiro hasteamento não foi fotografado
      (b)   Porque no primeiro hasteamento a bandeira ficou de cabeça para baixo
      (c)    Porque o comandou das tropas decidiu trocar a primeira bandeira por uma maior
      (d)   Porque a primeira bandeira foi rasgada por tiros logo após o hasteamento
6- Assinale a alternativa que apresenta corretamente os resultados da batalha de Iwo Jima:
       (a)    O Japão se rendeu logo após a derrota para os EUA, em março de 1945
 (b) No arquipélago japonês, os EUA testaram pela primeira vez os veículos anfíbios
 (c) A batalha se prolongou por seis meses, até o final da Segunda Guerra
 (d) Cerca de 20.000 combatentes japoneses morreram em Iwo Jima
Respondam em Forma de Comentários. Postarei o gabarito na próxima Sexta Feira. Bons Estudos!

A Alma - Voltaire

Nascido em Paris, em 21 de novembro de 1694, falecido em 30 de maio de 1778, foi o pensador mais influente do período do iluminismo francês. Em sua época, foi considerado um dos maiores poetas e dramaturgos de seu tempo. Hoje, a figura de Voltaire é mais relacionada aos seus ensaios e seus contos. O nome Voltaire, na verdade, foi por ele adotado após a passagem pela prisão na Bastilha durante um ano, por sua vez ocorrida devido a alguns versos satíricos dos quais foi acusado de ser autor. A tragédia Édipo (Oedipe) abriu passagem para sua incursão no meio ntelectual, tendo sido escrita no período de sua detenção na Bastilha. Uma outra obra que merece ser citada é o conto Cândido, escrito em 1759. Já em seus escritos filosóficos, as obras que devem ser citadas são o Tratado de Metafísica (Traite de Metaphysique), de 1734, e o Dicionário Filosófico (Dictionaire Philosophique), de 1764. Seu pensamento foi calcado nas bases do racionalismo, instrumento com o qual procurava pregar a eforma social sem a destruição do regime já estabelecido. Muito de sua luta dirigia-se contra a Igreja e, na atualidade, alguns chegam a considerar Voltaire como um predecessor do anti-semitismo moderno, dadas seus pensamentos acerca dos udeus, tidos por ele como fanáticos supersticiosos. No entanto, ele se opôs à perseguição a estes povos. Colaborou ainda com um dos enciclopedistas mais radicais, Diderot.
 É um termo vago, indeterminado, que expressa um princípio desconhecido, porém de efeitos conhecidos que sentimos em nós mesmos. A palavra alma corresponde à “animu” dos latinos, à palavra que usam todas as nações para expressar o que não compreendem mais que nós. No sentido próprio e literal do latim e das línguas que dele derivam, significa “ o que anima”. Por isso se diz: A alma dos homens, dos animais e das plantas, para significar seu princípio de vegetação e de vida.
Ao pronunciar esta palavra, só nos dá uma idéia confusa, como quando se diz no Gênesis: Deus soprou no rosto do homem um sopro de vida, e se converteu em
alma vivente, a alma dos animais está no sangue, não mateis, pois, sua alma.
De modo que a alma – em sentido geral– se toma pela origem e causa da vida, pela vida mesma. Por isto as nações antigas acreditaram durante muito tempo que tudo morria ao morrer o corpo. Ainda é difícil desentranhar a verdade no caso das histórias remotas, há probabilidade que os egípcios tenham sido os primeiros que distinguiram a inteligência e a alma, e os gregos aprenderam com eles a distinção.
Os latinos, seguindo o exemplo dos gregos, distinguiram animus e anima; e nós distinguimos também alma e inteligência. Porém o que constitui o princípio de nossa vida, constitui o princípio de nossos pensamentos? São duas coisas diferentes, ou formam um mesmo princípio? O que nos faz digerir, o que nos produz sensações e nos dá memória, se parece ao que é causa nos animais da digestão, das sensações e da memória?
Há aqui o eterno objeto das disputas dos homens. Digo eterno objeto, porque carecendo da noção primitiva que nos guie neste exame, teremos que permanecer sempre encerrados num labirinto de dúvidas e de conjeturas.
Fonte: Alma, Voltaire