Caríssimos leitores, começaremos agora a ver uma série de escritos dos Filósofos Pré-Socráticos, acerca do Princípio de tudo. Pois bem, os pré-socráticos são filósofos que viveram na Grécia Antiga e nas suas colônias. Assim são chamados, pois são os que vieram antes de Sócrates, considerado um divisor de águas na filosofia. Muito pouco de suas obras está disponível, restando apenas fragmentos. O primeiro filósofo em que temos uma obra sistemática e com livros completos é Platão, depois Aristóteles. São chamados de filósofos da natureza, pois investigaram questões pertinentes a esta, como de que é feito o mundo. Romperam com a visão mítica e religiosa da natureza que prevalecia na época, adotando uma forma científica de pensar.
Thalès (grego θαλες Thalễs), chamado Tales de Mileto, é o primeiro filósofo ocidental de que se tem notícia. Ele é o marco inicial da filosofia ocidental. De ascendência fenícia, nasceu em Mileto, antiga colônia grega, na Ásia menor, atual Turquia, por volta de 625 a.C. e faleceu aproximadamente em 547 a.C. - segundo o historiador grego Diógenes Laércio, morreu com 78 anos durante a 58ª Olimpíada.
Considerado filósofo naturalista e pré-socrático e, também, o "pai da filosofia grega". Nada deixou por escrito. Suas teorias são conhecidas por intermédio de Aristóteles, Diógenes Laércio, Heródoto, Teofrasto e Simplício. Aristóteles refere-se a ele como "o fundador" da filosofia, porque concebeu como princípios das coisas aqueles que procedem "da natureza da matéria".
Descobre na água o princípio de composição de todas as coisas, conforme cita Aristóteles: Tales, iniciador desse tipo de filosofia, diz que o princípio é a água (por isso afirma também que a terra flutua sobre a água) extraindo certamente esta convicção da constatação de que o alimento de todas as coisas é úmido, que até o quente se gera do úmido e vive no úmido. Ora, aquilo de que todas as coisas se geram é, exatamente, o princípio de tudo. Ele tira, pois, esta convicção desse fato e do fato de que todas as sementes de todas as coisas têm uma natureza úmida, e a água é o princípio da natureza das coisas úmidas. (Aristóteles, Metafísica, A 3, 983 b 20-27).
Um segundo princípio que Tales sustenta é o de que "tudo é cheio de deuses", no sentido de que: deus é a coisa mais antiga, porque ingênito. (Diógenes Laércio, I, 35). Essa proposição, não há dúvida, refere-se ao seu princípio-água, fonte, sustento e foz de todas as coisas. Um terceiro princípio, também referido por Aristóteles: Parece que também Tales considerou a alma como princípio motor, se disse, segundo o que se afirma dele, que o ímã tem uma alma, porque move o ferro. (Aristóteles, Da Alma, A 2, 405 a 19ss.). Portanto, se o princípio-água é também "de que" e "em que" subsistem todas as coisas, o sentido de alma tem aqui a conotação de princípio. Platão conta sobre Tales uma anedota muito difundida na Grécia: ao caminhar olhando para cima, a fim de observar os astros no céu, caiu dentro de um poço.
Deriva daí o conceito que os filósofos possuem de serem pessoas distraídas para as coisas práticas da vida e perdidos em pensamentos abstratos. Outra alusão a seu respeito: ele teria alugado, fora da estação de plantio e a preços baixos, todos os lagares de Mileto e Quios, prevendo uma colheita abundante de azeitonas. Outros relatos ligam Tales à solução de problemas práticos e a descobertas astronômicas. Essas anedotas/histórias traduzem o seu espírito especulativo.
Continua...
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