domingo, 29 de maio de 2011

A Alma - Voltaire

Nascido em Paris, em 21 de novembro de 1694, falecido em 30 de maio de 1778, foi o pensador mais influente do período do iluminismo francês. Em sua época, foi considerado um dos maiores poetas e dramaturgos de seu tempo. Hoje, a figura de Voltaire é mais relacionada aos seus ensaios e seus contos. O nome Voltaire, na verdade, foi por ele adotado após a passagem pela prisão na Bastilha durante um ano, por sua vez ocorrida devido a alguns versos satíricos dos quais foi acusado de ser autor. A tragédia Édipo (Oedipe) abriu passagem para sua incursão no meio ntelectual, tendo sido escrita no período de sua detenção na Bastilha. Uma outra obra que merece ser citada é o conto Cândido, escrito em 1759. Já em seus escritos filosóficos, as obras que devem ser citadas são o Tratado de Metafísica (Traite de Metaphysique), de 1734, e o Dicionário Filosófico (Dictionaire Philosophique), de 1764. Seu pensamento foi calcado nas bases do racionalismo, instrumento com o qual procurava pregar a eforma social sem a destruição do regime já estabelecido. Muito de sua luta dirigia-se contra a Igreja e, na atualidade, alguns chegam a considerar Voltaire como um predecessor do anti-semitismo moderno, dadas seus pensamentos acerca dos udeus, tidos por ele como fanáticos supersticiosos. No entanto, ele se opôs à perseguição a estes povos. Colaborou ainda com um dos enciclopedistas mais radicais, Diderot.
 É um termo vago, indeterminado, que expressa um princípio desconhecido, porém de efeitos conhecidos que sentimos em nós mesmos. A palavra alma corresponde à “animu” dos latinos, à palavra que usam todas as nações para expressar o que não compreendem mais que nós. No sentido próprio e literal do latim e das línguas que dele derivam, significa “ o que anima”. Por isso se diz: A alma dos homens, dos animais e das plantas, para significar seu princípio de vegetação e de vida.
Ao pronunciar esta palavra, só nos dá uma idéia confusa, como quando se diz no Gênesis: Deus soprou no rosto do homem um sopro de vida, e se converteu em
alma vivente, a alma dos animais está no sangue, não mateis, pois, sua alma.
De modo que a alma – em sentido geral– se toma pela origem e causa da vida, pela vida mesma. Por isto as nações antigas acreditaram durante muito tempo que tudo morria ao morrer o corpo. Ainda é difícil desentranhar a verdade no caso das histórias remotas, há probabilidade que os egípcios tenham sido os primeiros que distinguiram a inteligência e a alma, e os gregos aprenderam com eles a distinção.
Os latinos, seguindo o exemplo dos gregos, distinguiram animus e anima; e nós distinguimos também alma e inteligência. Porém o que constitui o princípio de nossa vida, constitui o princípio de nossos pensamentos? São duas coisas diferentes, ou formam um mesmo princípio? O que nos faz digerir, o que nos produz sensações e nos dá memória, se parece ao que é causa nos animais da digestão, das sensações e da memória?
Há aqui o eterno objeto das disputas dos homens. Digo eterno objeto, porque carecendo da noção primitiva que nos guie neste exame, teremos que permanecer sempre encerrados num labirinto de dúvidas e de conjeturas.
Fonte: Alma, Voltaire

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