quarta-feira, 13 de julho de 2011

Estudo de Durkheim sobre o suicídio

O ESTUDO DE DURKHEIM SOBRE O SUICÍDIO Foi extremamente gratificante e estimulante à leitura e reflexão sobre este texto e poder comentar alguns aspectos deste clássico. Um aspecto que chamou atenção foi porque o suicídio (ato individual) foi estudado por Durkheim como um fenômeno social?
Durkheim trata o suicídio de forma não psicológica, mas de forma social, buscando padrões empíricos em diversas sociedades e seguindo um método comparativo. É daí que Durkheim consegue definir os 4 tipos de suicídio do ponto de vista sociológico (egoísta, altruísta , anômico e fatalista - e suas combinações).
O suicídio egoísta - que resulta de uma individualização excessiva e cujo grau de integração do indivíduo na sociedade não se apresenta suficientemente forte;
O suicídio altruísta - que ao contrário resulta de uma individualização insuficiente e o suicídio anômico - que se relaciona com uma situação de desregramento, típica dos períodos de crise, que impede o indivíduo de encontrar uma solução bem definida para os seus problemas, situação que favorece um sucessivo acumular de fracassos e decepções propícias ao suicídio. Sociedades tradicionais onde a solidariedade mecânica prevalece.
O último tipo de suicídio é o suicídio fatalista. Embora Durkheim o visse como de pouca relevância contemporânea, ele acreditava que isso acontece quando um indivíduo é regulado demais pela sociedade. A opressão do indivíduo resulta em um sentimento de impotência diante do destino ou da sociedade. Pela observação de estatísticas oficiais, este autor concluiu que o suicídio era mais freqüente nas comunidades protestantes que nas comunidades católicas, fenômeno que explicou através da noção de integração religiosa. No mesmo sentido, Durkheim verificou que o suicídio ocorria menos entre os indivíduos casados que entre solteiros situação que, segundo ele, se explicaria através da noção de integração familiar. Neste trabalho, notou ainda que a taxa de suicídios diminuía em períodos de grandes acontecimentos políticos, em que aumentava a coesão sócia-política em torno da idéia de nacionalidade. Isso não quer dizer que o suicídio seja ontologicamente um fato social, ele o é enquanto a sociologia o encara da maneira pautada pelo exposto pelo sociólogo. Assim, o suicídio é um fato social a partir do momento em que se pode enquadrá-lo nos termos do objeto típico da sociologia na visão de Durkheim e segundo as características intrínsecas desse objeto.
Segundo Durkheim ainda que os humanos vejam a si mesmos como indivíduos que têm liberdade de arbítrio e de escolha, seus comportamentos são freqüentemente padronizados e moldados socialmente. Concordo, sim, que a sociedade molda e padronizam muitos dos nossos comportamentos, mas nem todas as nossas atitudes e atos são padronizados pela sociedade como afirma o sociólogo. Certamente que há suicídios que podem ser explicados por fatores sociais, mas, outros, no entanto é sim, um ato individual cuja sociedade não tem nenhuma responsabilidade. Ele relacionou sua explicação à idéia de solidariedade social e a dois tipos de laços dentro da sociedade - a integração social e a regulação social. Entendo que o sociólogo baseou seus estudos em estatísticas, e em parte, concordo com ele e que suas explicações, fazem sentido. Entretanto, percebo certo radicalismo nas idéias do autor sobre o suicídio. Entendo que o estudo do suicídio, que é um fenômeno especificamente individual, apesar de só em aparência, permitiu a Durkheim demonstrar as fortes relações entre o indivíduo e a coletividade.
A partir destas observações, o sociólogo pôde assim concluir que o suicídio variava na razão inversa do grau de integração da sociedade religiosa, familiar e política. Um aspecto deixou de ser analisado no caso do suicídio, o indivíduo deve ser considerado como a causa matéria, mas somente os fatores são causas eficientes ou as causas realmente ativas do suicídio, ou, como somente os fatores sociais podem ser usados para dar uma explicação científica do suicídio? No entanto a investigação de Durkheim leva-nos a visualizar a maneira como tal fenômeno, tão aparentemente individual, desenvolve-se a partir de todo um complexo quadro social. Algumas primeiras pistas para isso é a constatação de que toda sociedade apresenta uma específica taxa anual de suicídios.
Em resumo, o texto o suicídio prima pela maneira que usa observações estatísticas para buscar na realidade aspectos de toda e qualquer cogitação de seu autor e por usar estes aspectos como guia fundamental às conclusões propostas.

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