quinta-feira, 1 de setembro de 2011

De onde derivam os sentidos?


Platão explica a gênese do mundo sensível por meio de um mito chamado o mito da “Chora”. Originalmente existiam as idéias e também a matéria originária que em grego se chama “Chora”. Num certo ponto entra em ação um demiurgo. Uma entidade intermediária entre as idéias e a matéria. O demiurgo é uma espécie de deus artífice que plasma as coisas tendo como modelo as idéias. O artífice, o demiurgo produz a realidade física olhando para o modelo eterno que é constituído pelas idéias. No diálogo Timeu, Platão descreve este mito da “Chora” e afirma que a finalidade última da produção do mundo é o bem. O demiurgo plasma o mundo pelo amor ao bem. As coisas derivam desta ação do demiurgo que tem como objeto a realização do bem. O mundo, portanto, é a obra da inteligência do demiurgo que produz no nível sensível uma cópia do modelo eterno constituído pelas idéias.
Para Platão, conhecer se identifica com a anamnese, isto é, com a recordação, com a lembrança, com a memória. A alma pode conhecer o mundo supra-sensível porque antes de encarnar-se num corpo o tinha contemplado. Nesta vida, por ocasião do encontro com as coisas, a alma lembra as essências eternas que tinham contemplado antes. A alma extrai de si mesma, quer dizer, lembra aquilo que já tinha visto, isto é, a primeira forma de explicar o conhecimento que se trata de uma explicação mítica ligada as doutrinas órfico-pitagóricas, segundo as quais a alma é imortal, preexiste ao corpo, se encarna num corpo por causa de uma culpa. A novidade deste argumento consiste porém no fato de que a influência órfico-pitagórica se junta com o elemento da maiêutica socrática porque, conforme afirmação, a alma está grávida da verdade. Em um segundo momento, sempre no diálogo Menon, Platão usa um argumento dialético, utilizando uma experiência maiêutica. Ele interroga um escravo ignorante em geometria e através de perguntas adequadas lhe permite que, ele mesmo, resolva o problema de geometria.
O escravo, ignorante de geometria, afirma Platão, encontra a solução dentro de si mesmo, na sua própria alma. A verdade, segundo Platão, já está na alma. O conhecimento consiste em extrair de si mesmo a verdade antes de contemplada.
No Fédon, Platão aprofunda o argumento confirmando a anamnese por meio da reflexão sobre os conhecimentos matemáticos que o homem aprende não a partir da experiência sensível, mas pelo cálculo que ele se realiza no plano do mundo puramente inteligível, isto é, do mundo interior.
Os graus do conhecimento:
| Sensível -----> Doxa(opinião)
CONHECIMENTO -|
| Supra-sensível -----> Episteme (ciência verdadeira)
A doxa se divide em duas partes Eikassia (Imaginação) e Pistis (crença).
A episteme se divide também em duas outras partes Diánoia e Nóesis.
§ Diánoia: conhecimento intermediário ou matemático-geométrico;
§ Nóesis: intelecção das idéias e captação da idéia suprema que é a do bem.
A dialética platônica consiste na intuição intelectual na qual o homem passa de idéia em idéia até chegar a idéia suprema do bem.
Em Platão, a dialética é de tipo positivo porque comporta uma progressiva ascensão dos níveis mais baixos que são constituídos pelo mundo material e sensível aos níveis mais altos que são constituídos pelo mundo das idéias, da idéia do bem.
Para Platão, a arte é imitação do mundo sensível, do mundo material, mas a arte é imitação da idéia. Então, a arte é a sombra das sombras. A idéia das idéias.
Prof. e filósofo, Jackislandy Meira de Medeiros Silva.

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