quinta-feira, 1 de setembro de 2011

O mal invade e fere o mundo


Por Pe. Neto
O mistério do mal invade o mundo humano e cria dificuldades para toda sociedade, em especial para os inocentes. Por isso diante do irmão violento, assaltante, etc. não cabe nosso deduramento, mas a atitude de oração. Segundo a Escritura “toda iniqüidade é pecado, mas há pecado que não leva a morte (cf.I Jo 5,17). Somos convidados a rezar por tal situação e rezando nos comprometermos em salvar o irmão delinquente. Assim acredita a fé cristã católica.
Numa tentativa de acolher irmãos que se deixaram levar pelos sussurros do “pai da mentira” (cf. Jo 8,44) ao longo da história humana foram criados manicômios, prisões, hospitais, etc. A sociedade tem sido prodiga em excluir irmãos e com esta atitude mostra que não sabe lidar com o diferente.
Em Caicó, direcionamos homens e mulheres que se desfiguraram pelo crime, para o SEDUC e para o Pereirão. São lugares fortemente de exclusão e aceitos pela sociedade envolvente como normais, onde se investe muito dinheiro e dinheiro público. SEDUC e Pereirão, para muitos, são lugares para encostar rebotalhos humanos, para outros tantos são lugares para apodrecimento de homens e mulheres maus. Com esta visão temos a compreensão de que tais lugares não podem conter o menor conforto e reclama-se quando alguém insiste em algum bem para tais irmãos. SEDUC e Pereirão acolhem irmãos desfigurados, tão desfigurados que nem parecem homens em seus comportamentos e atitudes. Entretanto nenhum deles caíram do céu ou estão no mundo do crime por livre e espontânea vontade, mas são frutos amargos de todo um contexto social, político e eclesial. Sem exagerar, todos eles têm desejo de serem homens e mulheres de bem, e buscam isto com avidez, porém o refazer passos é muito difícil e complicado, em especial quando não encontram apoio, mas muitas vezes pessoas que os exploram em sua situação de exclusão. É dolorido saber que existe alguém que abusa deste expediente, este tem culpa maior.
Pereirão e SEDUC são lugares para o apodrecimento de irmãos delinquentes? A fé cristã e uma visão humanista da realidade dizem que não. Um povo que optou pela democracia tem esses lugares como lugares de educação ou reeducação do homem. Agora, reeducar homens implica compromisso e isto não se faz com castigo, repreensão ou outros métodos, mas é questão de acreditar no homem que cada um dos irmãos delinquentes está investido. Reconhecer que todo homem é agente de seu fazer-se. Aqui implica muita credibilidade na Justiça.
Aqui vem a tona a pergunta que não quer calar: por que a sociedade atual vem num crescente favorecendo uma sociedade violenta e de tantos irmãos deliquentes? Repito nada cai do céu. Urge interrogarmos a nós mesmos. Precisamos “bater no peito” e não podemos “lavar as mãos” somos culpados por tudo que ai está. Nossas atitudes e comportamento estão favorecendo homens maus. “Onde eu errei” este não é problema, pois a questão não é tão individualista, mas cúmplice de um todo. Nesta perspectiva aprendamos a não dedurar, mas ponha-mo-nos em oração, façamos silêncio para compreender o mistério do mal que nos envolve e deprime. No Espírito do Senhor Jesus nunca nos sintamos impossibilitados, nem nos façamos mesquinhos, pois Ele “venceu o mundo” (cf. Jo 16,33).

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