sábado, 27 de agosto de 2011

Os sofistas


Com os sofistas se passa da fase cosmológica à fase antropológica da Filosofia Clássica.
            Os sofistas colocam as premissas sobre a reflexão ética. Eles se interrogam sobre o sentido e o valor de suas ações; Como eu posso ter êxito, sucesso nas minhas atividades? Qual é o valor de cada ação? Como é possível a felicidade? O que torna boa uma determinada ação?
            Os sofistas começam, portanto, uma reflexão sobre as ações do homem. Eles deslocam o interesse filosófico da busca da arché que se tinha esgotado na tentativa de resolver a aporia eleática. O novo objetivo da Filosofia é o homem. Com os sofistas começa a fase humanística da Filosofia Antiga.
            No V séc., acontece a crise da Aristocracia e a afirmação do demos. Portanto, cai em crise também a polis grega, pelo menos na sua estrutura clássica. Isso coloca as premissas para uma revisão do saber. O conceito de virtude entra definitivamente em revisão, a virtude não é mais algo ligado ao nascimento. Mas a capacidade do homem de se empenhar para ter sucesso do ponto de vista econômico e político.
            Os sofistas desenvolvem uma tarefa educativa. Eles normalmente são os pedagogos dos filhos da aristocracia. O sofista é aquele que educa o jovem a ter sucesso, a se afirmar, e ao mesmo tempo, o sofista é aquele que cuida da difusão do saber. Estes elementos são os aspectos positivos da figura dos sofistas. Os negativos já apontados por Platão e Aristóteles são a acusação de um saber aparente e não real; que a profissão deles é exercida não por amor desinteressado à verdade, mas com objetivo de lucro; do ponto de vista político e moral eles levam a desagregação do estado e ao ceticismo.
            Górgias é niilista, nada tem valor.
            Protágoras havia afirmado a doutrina do relativismo, segundo a qual não existe uma verdade objetiva, mas uma verdade subjetiva determinada pela habilidade do filósofo. E virtuoso é aquele que me parece subjetivar, útil.
            Górgias leva o relativismo às suas últimas conseqüências. Se não existe uma verdade objetiva e tudo depende do homem, nada tem valor. Não existe nem uma verdade subjetiva nem objetiva. Nada tem verdadeiro valor.  Se nada tem verdadeiro valor, o que sobra? Sobra somente a retórica.
            Retórica é a capacidade de falar totalmente separado de qualquer referência à própria verdade. A palavra domina, mas está totalmente solta de qualquer laço da realidade e da própria verdade. A palavra é um instrumento de persuasão, mas também é um instrumento de dominação; se não existe nenhum nexo com a verdade, quem tem mais poder por metade da arte da palavra pode persuadir e dominar os outros.

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