quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Sociólogo: fugindo do senso comum, captando tendências


            O sociólogo utiliza a teoria para fugir do senso comum. Entre outras, coordenação, planejamento e controle de estudos, trabalhos e pesquisas referentes ao quadro social são as funções básicas do sociólogo. A profissão, regulamentada no Brasil apenas em 1984, exige um profissional constantemente preocupado com a sua formação teórica e muito bem informado sobre as mudanças que ocorrem na realidade que o cerca.
            Preocupada em organizar o funcionamento e a organização da sociedade, a Sociologia não estuda apenas uma área. Segundo Gabriel Cohn, professor titular da Universidade de São Paulo(USP) e Presidente da Sociedade Brasileira de Sociologia, “(...) executar o trabalho científico é estabelecer relações não evidentes. É preciso fugir ao império do senso comum e atravessar a grossa camada da evidência, tentando captar tendências, que estão surgindo na sociedade”.
            Na opinião de Gabriel Cohn, o passo inicial para o estudante de sociologia que pretende seguir carreira acadêmica é utilizar cotidianamente o conhecimento que advém de sua formação universitária para ver o mundo com novos olhos. “É preciso enxergar as nunces da rede social com óculos mais precisos. É preciso transformar o bruto do aprendizado em sensibilidade e capacidade analítica”, explica.
            O campo de trabalho para o sociólogo está em expansão, mas ainda não atende ao número de formados anualmente. Existem diversos setores em que o profissional pode atuar. No entanto, as vagas disponíveis são limitadas. Ao enfrentar um mercado restrito, o iniciante começa a trabalhar em agências de publicidade ou institutos governamentais, como pesquisador “de porta em porta” ou ainda preparando bibliografias e elaborando quadros estatísticos.
            O sociólogo, além de travar uma luta diária, contra a falta de empregos, disputa as poucas vagas existentes com outros profissionais formados na área de humanidades: historiadores, economistas, pedagogos, geógrafos, etc. É comum, em empresas públicas ou privadas, a convivência desses profissionais, sem que haja a delimitação de uma área de competência exclusiva para o sociólogo, que exerce atividades que mantêm intercâmbio com as demais.

(LIMA, Liliane Ferraz. Folha de S. Paulo, 31 de maio de 1987).

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