segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Sexo e Sexualidade Humana


Todos os animais são seres sexuados, entretanto o ser humano ultrapassa de muito esta dimensão, isto foi dito na opinião anterior. Sexo e sexualidade humana se fazem presente dentro de um contexto de maturidade. O homem é senhor de si, está “dando nome” a realidade envolvente quando menos espera surge aquela ou aquele que mexe com suas entranhas. A “coisa” é tão supressa que a compreensão bíblica fala de “um profundo sono” (cf. Gn 2,21).
Parece um acordar para uma realidade nova e aqui se desperta para momentos de intensa gratuidade. O outro me convida para encontro que implica corporeidade. O outro me fala de realidade nova, numa linguagem bem simples o outro me dá “tesão”. E, diga-se de passagem, que o machismo tem negado isto à mulher, contudo as lutas feministas têm ganhado espaço neste campo. O masculino, também, faz vibrar o feminino. Duas corporeidades que se buscam e que vibram mutuamente. Ninguém viverá intensamente sexo sem esta vibração mutua.
Sexo e sexualidade são algo tão determinante de autonomia humana que só a vivemos na radical nudez. Aqui todos estão nus (cf. Gn 2,25). É algo vivido cara a cara. Na vivência da sexualidade homem e mulher encontram-se nus, isso implica um desvelar-se mutuamente, mas também implica nossa falta de experiência. Aqui ninguém determina nada, tudo deve ser novo. Sexo implica sempre criatividade e originalidade. Na vivência da sexualidade não cabe máscaras, cada um é em si mesmo. Por tudo isso se compreende que sexo e sexualidade humana implicam uma personalidade autônoma. Disto é fácil compreender o porquê do aflorar da sexualidade humana no período juvenil, sinal de maturidade biológica e pessoal. Se sexo fala de autonomia e de personalidade aqui todo respeito à pessoa do outro é pouco. Não podemos brincar com dignidade de ninguém. Sexo não é coisa feia, é algo de muita responsabilidade e só assim é prazeroso e realizador da pessoa humana. O “você é toda minha“ implica concomitantemente “eu sou todo seu”. Sem esta dinâmica de autonomia não podemos viver nossa sexualidade. Sexualidade aqui é doação que se faz com plena nudez e nada pode interferir.
Entretanto neste contexto, a serpente, a mais astuta de todos os seres criados, que anda com o bucho pelo chão e alimenta-se de pó (cf. Gn 3,1.14) levanta-se até a altura do homem e sussurra-lhe aos ouvidos palavras que não condiz com a realidade (cf. Gn 3,1ss). O ser humano é convidado a “ser como Deus”, comer de todas as árvores do Paraíso, exceto à “árvore do bem e do mal”. O ser humano é qualificado pelo próprio Deus a ser autônomo, só lhe é proibido definir o que é bom ou ruim, isto extrapola o ser humano e só cabe a Deus-Pai definir.
Justamente aqui as serpentes de ontem e de hoje invade o mundo humano e lança confusão no intimo do ser humano. Este é chamado a “ser Deus”, contudo não pode dispensar Deus, este é referência primordial. A serpente, animal sem muitas qualidades, invade o mundo humano e questiona valores ditos absolutos, levando o ser humano a quebrar relações fundamentais de seu ser. Logo o homem quer se esconder do próprio Deus, e chamado a falar de seus atos põe-se a culpabilizar os outros, sem assumir sua decisão pessoal.

Que força tem hoje a mídia que invade todos os espaços humanos! Entra incentivando e estimulando atitudes e comportamentos que denigre o ser humano e desarticula as relações humanas. A mídia em suas várias possibilidades tem primado pelo pansexualismo, incentivado o sexo fácil e primado pela sua dimensão de prazer, porém a decisão ultima cabe ao ser humano.
Cabe ao ser humano responder pelos seus atos. A mídia faz acreditar que o ser humano pode ser deus, isto é verdade incontestável, entretanto sem o referencial divino, o homem não é nada.
Viver sexo e sexualidade sem Deus é um continuo e constante projeto que a mídia faz ecoar em nossos ouvidos e quando menos se espera, o homem se encontra nu entre o céu e a terra. Fica-se num “beco sem saída”.
A serpente da pornografia, da literatura prono, das propagandas incitantes, cultura pansexual, etc. fazem brilhar os olhos e ouvidos do homem de nosso tempo, quer jovens ou não tão jovens, atitudes e comportamentos irreais. Tais situações desestruturam as relações pessoais, ferem profundamente as relações masculinas e femininas e criam a mentalidade machista, “ignorando a novidade do cristianismo que reconhece e proclama a igual dignidade e responsabilidade de mulher com relação ao homem” (Discurso de Bento Xvi na sessão inaugural dos trabalhos da V Conferencia geral do Episcopado da America Latina e do Caribe)

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