quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Trabalho Humano III


                Por Pe. Neto
Há no Seridó uma cultura agropecuária. Todo seridoense pensa a partir do mundo rural, entretanto atualmente é presente um despertar de pequenas empresas têxteis, e comerciais, explora-se a cerâmica e a mineração, e por cima de tudo é fonte de rende as oficinas mecânicas e o trabalho de bordadeira que caba a mulher. Toda essa estrutura marcadas substancialmente pelo capitalismo, pela questão do lucro, do consumo e do poder. Neste processo o trabalhador não é contável. O trabalhador não tem direitos. Assim as empresas não investem em formação, ambiente adequado de trabalho, salários dignos, etc., e desta maneira há uma grande insegurança tanto para os donos das empresas como para os trabalhadores. É gritante a situação do trabalhador entre nós! Para além de tudo isso, o trabalhador não tem consciência de organização e facilmente é massa aproveitável e abundante, dando ao empresariado o direito de exigir horas extras, dispensar trabalhador sem nenhum compromisso, etc.
Neste mundo trabalhista marcado pelo capitalismo que desarticula toda relação trabalho e trabalhador é presente a trabalho da agricultura e pecuária. Afirmo mais uma vez que a cultura seridoense é profundamente agropecuária. Num passado não muito distante “os donos de terra” tinham os seus moradores subservientes e sem nem o direito de criar um “bichinho” nas propriedades onde moravam, tudo era de meio ou terça e sem investimento na agricultura nem no agricultor. A situação era de desfiguramento do “morador” isto favoreceu em grande parte o êxodo rural e a descrença generalizada da agricultura. Os Sindicatos que vinham em favor do homem do campo eram minizados e as lutas populares negadas. Neste contexto muitos “donos de terra” queixam-se da dificuldade em encontrar alguém que se dedique a agricultura, as propriedades estão abandonadas, são poucos os ditos “moradores” e taxa-se o trabalhador de vagabundo, preguiçoso, etc. Não é o homem que é vagabundo, mas uma situação de negação do trabalho e do trabalhador na agricultura que criou este clima. Ninguém investiu em agricultura, com exceção da construção de pequenos açudes e a substituição do “boi Zebu” pela vaca holandesa em vista da produção do leite, tudo voltado para a produção e comercialização como grifo maior do capitalismo. Neste contexto capitalista a monocultura do algodão que rendeu divisas ao Seridó, ninguém pensou em novo projeto a não a ser a exploração até a exaustão, entretanto responde-se ao problema como sendo questão de “bicudo”, etc. Assim com referencia ao agricultor, o principal agente de riqueza, nunca se pensou em uma qualificá-lo nem muito menos seus filhos. Deste modo num processo rápido chegamos a situação insuportável para todos.
Hoje, é o mundo da agricultura que vive situação difícil, amanhã será o mundo da pequena empresa se não despertar para a partilha dos bens acumulado com o trabalho de tantos. É urgente a organização do trabalhador e o respeito a estas instituições. “É necessário recordar mais uma vez o principio típico da doutrina social cristã: os bens deste mundo são originariamente destinados a todos. O direito à propriedade privada é válido e necessário, mas não anula o valor de tal principio. Sobre a propriedade, de fato, pesa “uma hipoteca social”, quer dizer, nela é reconhecida, como qualidade intrínseca, uma função social, fundada e precisamente pelo principio da destinação universal dos bens. Nem se há de descurar, neste empenho pelos pobres, aquela forma especial de pobreza que é a privação dos direitos fundamentais da pessoa, em particular do direito à liberdade religiosa e, ainda, do direito à iniciativa econômica.
Nossas ultimas opiniões partem do dado fundamental de que o Trabalho é questão social (cf. LE 3) e “o ensino e a difusão da doutrina social fazem parte da missão evangelizadora da Igreja. E tratando-se de uma doutrina destinada a orientar o comportamento das pessoas, tem de levar cada uma delas, como conseqüência, ao “empenho pela justiça” segundo o papel, a vocação e as circunstancias pessoais” (SS 41)

Nenhum comentário:

Postar um comentário