segunda-feira, 27 de junho de 2011

o que é ser alguém?

Definir-se como alguém significa, muitas vezes, fazer escolhas. É a partir dessas escolhas que definimos, diante de inúmeros "eus" possíveis, qual será o "eu" existente no instante seguinte. As decisões tomadas, mesmo quando aparentemente insignificantes, mostram ao observador atento quais são os valores que orientam minha escolha.
Esses valores estão ligados ao que se chama, em algumas filosofias, de razão prática, isto é, os critérios racionais que orientam minha prática, ou as coisas que faço no mundo. Prática, aqui, não é usada como o contrário de "teoria", mas como sinônimo de "ação". Há duas perguntas possíveis aqui. Primeira: qual é a origem desses valores? Segunda: essa razão prática nasce com os seres humanos ou é criada pela sociedade na qual vive?
No primeiro caso, as respostas se situam entre dois extremos. Em primeiro lugar, o determinismo, ideia segundo a qual o ser humano é dirigido por forças sobre as quais tem pouco ou nenhum controle. Em algumas vertentes, o determinismo considera a liberdade de escolha do ser humano uma mera ilusão: há uma relação de causa e efeito que diz, de antemão, o que vai acontecer.
Como, no entanto, não conseguimos ver e identificar as relações causais que dirigem nossas ações, temos a ilusão de que a escolha foi feita livremente.
Há várias modalidades de determinismo. Algumas reduzem todas as ações humanas a uma única causa - a sociedade em que se vive, as condições econômicas, a genética. Outras vertentes consideram que o determinismo é multifatorial: várias causas se cruzam no cotidiano, o que torna ainda mais difícil perceber as relações de causa e efeito e aumenta a ilusão de liberdade.
Do outro lado, há a perspectiva de que o ser humano tem liberdade de ação, isto é, a perspectiva de que a pessoa pode escolher livremente o que faz e é, sendo, portanto, responsável por suas escolhas. As condições sociais, econômicas ou genéticas de alguém podem certamente impor algumas circunstâncias, mas cabe ao ser humano, livre e racionalmente, escolher suas ações e mesmo alterar essas condições de acordo com sua própria vontade - o indivíduo consciente é o critério de qualquer decisão. Assim como no caso do determinismo, há várias graduações para essa perspectiva da liberdade - de uma postura radical, como em Jean-Paul Sartre, até uma perspectiva integradora que pensa a liberdade mediada pela circunstância, do filósofo inglês Robert Audi.

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