Para os judeus Pentecostes era
uma festa de grande alegria, pois era a festa das colheitas. Ação de graças
pela colheita do trigo. Vinha gente de toda a parte: judeus saudosos que
voltavam a Jerusalém, trazendo junto com eles os pagãos amigos e prosélitos.
Assim eram oferecidas as primícias das colheitas no templo.
A festa também era conhecida
como a festa das setes semanas por ser celebrada sete semanas depois da festa
da páscoa, no qüinquagésimo dia. Daí surgiu o nome Pentecostes, que significa
“qüinquagésimo dia”.
No primeiro pentecostes, depois
da morte de Jesus, cinqüenta dias depois da a páscoa, o Espírito Santo desceu
sobre a comunidade cristã de Jerusalém na forma de línguas de fogo: todos
ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas. As
primícias da colheita aconteceram naquele dia, pois foram muitos os que se
converteram e foram recolhidos para o Reino.
Pentecostes é o símbolo do
Cenáculo, onde os Apóstolos se reuniram, pela primeira vez, à espera do
Espírito Santo. No Cenáculo, desde a fundação, a comunidade cristã aí se reúne,
para ser conduzida pelo Sopro Inspirador, compartilhando o amor de Cristo.
Hoje festejamos Pentecostes,
completam-se cinqüenta dias da ressurreição de Jesus. Quase dois meses depois
que Jesus se foi, nós encontramos seus discípulos trancados no cenáculo, por
medo dos judeus.
Apesar do evangelista João não
mencionar neste evangelho, nós sabemos que, conforme Atos dos Apóstolos
(2,1-11), no cenáculo também estavam algumas mulheres, inclusive Maria a Mãe de
Jesus. Outro fato que deve ser ressaltado, é que eles se encontravam em oração.
João faz questão de dizer que o
medo estava presente entre eles. Não sabiam o que poderia lhes acontecer se
fossem descobertos pelos judeus. A única certeza que tinham é a de que eles não
iriam, de forma nenhuma, assumir publicamente que eram cristãos.
Em meio a esse clima tenso,
Jesus chega como quem não quer nada, entra sem fazer alarde, coloca-se no meio
deles e diz: "A paz esteja com vocês"! Pronto... mudou a temperatura
do ambiente, esfriaram-se as cabeças e aqueceram-se os corações, a alegria é
geral. Os discípulos ficaram alegres ao verem o Senhor.
Jesus trouxe consigo o Espírito
Santo e o entregou aos apóstolos. O medo e a insegurança foram jogados pela
janela. O temor que paralisava suas pernas, simplesmente desapareceu.
Essa é a verdadeira paz. Paz é
liberdade, é coragem, é a busca permanente da vida plena. Paz é doação, é a
luta por justiça e dignidade. Paz, um nome tão pequeno, mas que guarda dentro
de si toda mensagem de Jesus.
Paz é o resumo de tudo. Na
palavra paz está contido todo evangelho, por isso Jesus nos deseja a paz.
Apesar de não serem sinônimos, é impossível separar a paz do amor. A paz é
fruto da justiça. E, o amor é incompleto sem a paz.
Jesus entra, deseja-lhes a paz
e faz algumas recomendações. Manda que continuem a sua missão. A mesma missão
que o levou à morte. Mas, como enfrentar aquela multidão que eliminou o Mestre?
– se perguntavam.
O medo era enorme, mas ao
receberem o Espírito Santo, transformam-se totalmente. Abrem as portas,
escancaram as janelas, nada temem, nada os assusta. Publicamente falam com
destemor e sabedoria.
Assim é a obra do Espírito
Santo. Ela faz maravilhas nos seguidores de Jesus. Opera transformações
radicais naqueles que se entregam aos seus cuidados. Age em nossa vida e em
nosso dia-a-dia. O Espírito Santo se faz presente através dos seus sete dons. A
festa de Pentecostes nos leva a concluir que o Espírito Santo dá vida e
dinamismo à comunidade cristã. Sob a ação do Espírito todos falam a mesma
língua, os irmãos se entendem e se unem em torno do mesmo Pai. A covardia é
substituída pela coragem na pregação do evangelho, a tristeza dá lugar à
alegria, e as atividades são alicerçadas no amor e na paz de Jesus.
Coragem, evangelizador,
coragem, evangelizadora! Uma coragem, sem limites! É isso que Jesus espera de
cada um de seus discípulos. Você é convidado, eu também. Todos nós somos
convocados a levar aos povos a Boa Nova de justiça e de paz.
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