Escrito por Haroldo Bastos
Lourenço
Uma nova visão sobre Maria Magdalena
aqui claramente demonstrada com base única na verdade histórica contida nos
Santos Evangelhos, segundo Mateus, Marcos, Lucas e João.
O Equívoco sobre Magdalena
Desde há muitos séculos comete-se
clamorosa injustiça contra Santa Maria Magdalena, atribuindo-se-lhe conduta
libertina. Erram todos aqueles ao considerarem tratar-se da “pecadora
arrependida” molhando os pés de Jesus com suas lágrimas, enxugando-os com os
próprios cabelos, ungindo-os com óleo perfumado, cena que de fato ocorrida não
só uma vez, porém em duas ocasiões diferentes, em lugares distintos, e
praticada por duas mulheres, não sendo qualquer delas a pessoa de Santa Maria
Magdalena, como claramente iremos demonstrar com base única na verdade
histórica contida nos Santos Evangelhos, segundo Mateus, Marcos, Lucas e João.
As duas unções
De início, cumpre assinalar na
descrição dos fatos, os Evangelistas formarem dois grupos. De um lado, no
capítulo 7: 37-38 refere-se Lucas única e isoladamente à unção feita pela
“pecadora arrependida”; e de outro lado, Mateus, Marcos e João nada mencionam
sobre a “mulher de má vida”, porém retratam uma outra e semelhante
ocorrência: "Jesus ungido em
Betânia", (nessa ordem, capítulos 26: 6-13; 14: 3; 12:3).
Feito o relato, passemos às provas
irretorquíveis da honra e dignidade inatacáveis da vida de Santa Maria
Magdalena, primeiramente demonstrando, para melhor compreensão, a separação das
duas unções ocorridas em lugares diversos e em diferentes épocas.
Os dois locais das unções
Quanto aos lugares, conta São Lucas
(capítulo 7: 37-38) encontrar-se Nosso Senhor Jesus Cristo na cidade em casa de
um fariseu por nome Simão, onde fora convidado a cear: “E eis que uma mulher da
cidade, pecadora, sabendo que Ele estava à mesa na casa do fariseu, levou um
vaso de alabastro com ungüento e, estando por detrás, aos pés chorando,
regava-os com suas lágrimas e os enxugava com seus próprios cabelos; e
beijava-lhe os pés e os ungia com o ungüento”. Em seguida, o relato sagrado
fala que Nosso Senhor após propor ao fariseu a parábola do “credor e seus dois
devedores”, versículos 48-50 – “Então disse à mulher: Perdoados são teus
pecados”, “A tua fé te salvou; vai-te
em paz.”
Ora, Mateus e Marcos (respectivamente,
capítulos 26: 6 e 14: 3) atestam que a outra e segunda unção do Divino Mestre
deu-se em diverso local, na Aldeia de Betânia: em “casa de Simão, o leproso” e
não na “cidade” em casa de Simão o fariseu, como afirma São Lucas sobre a
pecadora. Betânia distava cerca de 15 estádios (2.800 metros) de Jerusalém
(João 11: 18).
Assim, fica claramente posto haver
acontecido cenas idênticas, mas em lugares diversos.
As duas épocas das unções
Tratemos da situação dos fatos no
tempo, demostrando-se terem ocorrido em diferentes ocasiões, para depois
comprovarmos não se encontrar Santa Maria Magdalena em nenhum dos citados
locais, nem em casa do fariseu na cidade, nem em casa do leproso na Aldeia Betânia.
A situação cronológica dos
acontecimentos mais ainda torna diferençado um episódio do outro, evidenciando
a ocorrência das duas unções em épocas distanciadas uma da outra. A unção em
Betânia, ocorreu poucos dias antes da Páscoa, já findando a pregação do
Evangelho, tanto assim que:
Mateus e Marcos assinalam “dois dias”
antes da Páscoa (capítulos 26: 2; 14: 1); João refere-se a: “Seis dias antes da
Páscoa, foi Jesus para Betânia, onde estava Lázaro, a quem ressuscitara dentre
os mortos.” (capítulo 12: 1). Como é sabido, logo após aquela festividade
religiosa, mencionada nas Escrituras como “A Santa Ceia do Senhor”, o Nazareno
foi preso e elevado no Calvário.
Ora, a outra unção da cena da
pecadora desenrolou-se em tempo mui recuado, anteriormente a vários
acontecimentos: do Divino Mestre haver curado um endemoniado em Cafarnaum
(Lucas capítulo 4: 31-37); de ter realizado a pesca maravilhosa (Lucas capítulo
5: 1-11); a cura de um leproso (Lucas capítulo 5: 12-13); de um paralítico em
Cafarnaum (Lucas, 5: 17-26); e curar o servo do Centurião (Lucas capítulo 7:
1-10).
Tudo isso inequivocamente demonstra
uma separação de muitos meses ou talvez anos entre a cena da "pecadora
arrependida", citada por Lucas, com o acontecimento da unção de Nosso
Senhor Jesus Cristo na “Aldeia de Betânia”, em fins do Messiado, esta última
descrita por São João, capítulo 12: 2-3: “Deram-lhe, pois, ali, uma ceia; Marta
servia, sendo Lázaro um dos que estavam com ele à mesa”; “Então Maria tomando
uma libra de bálsamo de nardo puro, mui precioso, ungiu os pés de Jesus e os
enxugou com os cabelos; e encheu-se toda a casa com o perfume do bálsamo.”
Todavia, cumpre assinalar, essa Maria da Vila Betânia não se tratava de
Magdalena, porém, da irmã de Lázaro, como claramente informa São João:
(capítulo 11, 1) “Estava enfermo Lázaro, de Betânia, da Aldeia de Maria e de
sua irmã Marta. Esta Maria, cujo irmão Lázaro estava enfermo”, ficando assim
evidentemente afastado o equívoco de atribuir-se à Santa Maria Magdalena a
unção dos pés de Jesus, Nosso Cristo Redentor, feita pela pecadora na cena
descrita por São Lucas em casa do Fariseu na Cidade, ou na Aldeia de Betânia
realizada por Maria irmã de Lázaro conforme relato dos já mencionados
Evangelistas.
Os sete demônios expulsos e a Fé da
pecadora
Ocorre ainda, se a pecadora ficou
inominada por Lucas, havendo sido despedida pelo Mestre, o mesmo não sucede com
relação à Maria Magdalena, assim conhecida por ser natural da cidade de
Magdala, encontrando-se claramente nomeada, segundo a narrativa desse Médico
dos Apóstolos, identificando-a dentre: “As mulheres que serviam a Jesus”,
conforme explanação contida no referido capítulo 8, não como a pecadora, mas
sim claramente dizendo-a ser a: “mulher da qual saíram sete demônios” (capítulo
8: 1-3), lendo-se: “andava Jesus de cidade em cidade, de aldeia em aldeia,
pregando e anunciando o Evangelho do Reino de Deus, e os doze iam com Ele, e
também algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e de
enfermidades: Maria,
chamada Madalena, da qual saíram sete
demônios; e Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes, Suzana e muitas
outras, as quais lhe prestavam assistência com seus bens.”
Da referência feita por Lucas,
torna-se claro, quanto aos fatos relacionados à Santa Maria Magdalena, não se
tratar da referida pecadora cujo nome não se sabe.
Haja vista, principalmente, antes de
ser curada por Jesus, Maria Magdalena sendo possessa de demônios lhe era
impossível a manifestação de espírito de fé, sendo esta a razão pela qual Jesus
perdoara a pecadora quando lhe disse: “A tua fé te salvou; vai-te em paz.”
(Lucas capítulo 7: 50).
Ademais, a possessão demoníaca
conduzindo ao estado de loucura, impede, torna totalmente inviável a
manifestação inteligente para atos de comércio como a prostituição requer,
sendo impossível essa prática a uma alienada mental, desprovida consciência ou
de vontade própria.
Após a expulsão dos 7 demônios que a
subjugavam, Santa Maria Magdalena profundamente agradecida, juntamente com
outras mulheres também curadas de várias enfermidades, passou a seguir o Divino
Mestre, acompanhando-O em suas pregações da Boa Nova, servindo-O com seus bens,
até o dia final do holocausto do Cordeiro de Deus no Calvário, onde permaneceu
ao pé da Cruz junto a Nossa Mãe Santíssima, sendo a quem o Divino Filho do Deus
Altíssimo primeiramente apareceu, naquela linda manhã de domingo, na
Ressurreição.
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